A Dra. Priscila Pollo Flores, doutora em Hepatologia pela UFRJ, fala sobre a campanha:
- O QUE É?
O mês de julho é dedicado à campanha de prevenção de hepatites virais no Brasil, que tem reconhecimento nacional desde 10 de janeiro de 2019, quando foi promulgada a nº Lei 13.802.
O Julho Amarelo tem como objetivo conscientizar a população sobre o contágio das hepatites virais, além da importância da testagem.
Mundialmente, o dia de luta contra as hepatites virais é designado em 28 de julho, data instituída pela Organização Mundial da Saúde.
- AS HEPATITES VIRAIS
As hepatites virais representam um grave problema de saúde pública em todo o mundo. As hepatites são classificadas por letras do alfabeto em hepatites A, B, C, D ou Delta e E.
Frequentemente assintomáticas, podem se manifestar também com sintomas de viroses comuns como cansaço, mialgia, febre baixa, enjôos, cor amarelada ou icterícia da pele e urina escura.
As hepatite B e C podem cronificar de forma assintomática e evoluir para hepatite crônica e cirrose.
No Brasil as hepatites A, B e C são as mais comumente encontradas, a hepatite D, ocorre principalmente na Região Norte e a hepatite E, é menos frequente no Brasil, sendo mais encontrada na África e na Ásia
No Brasil entre 1999 e 2018, foram notificados e confirmados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 632.814 casos de hepatites virais, destes, 167.108 (26,4%) são referentes à hepatite A, 233.027 (36,8%) à hepatite B, 228.695 (36,1%) à hepatite C e 3.984 (0,7%) de hepatite D.
- HEPATITE A
A infecção pelo vírus da hepatite A é causada por transmissão através de água ou alimentos contaminados (fecal-oral). É comum ser assintomática ou com poucos sintomas leves, sobretudo na infância. Alguns casos podem evoluir com a forma grave ou fulminante. A prevenção é a melhor forma de combate à doença através de saneamento básico, cuidados com alimentos crus e banhos em águas contaminadas com esgoto além de vacinação na infância.
- HEPATITE B
A transmissão desta forma de hepatite ocorre por via sexual, material perfuro-cortante como ¨gilete¨, material de estética, tatuagem e uso de drogas. A gestante também pode transmitir para o recém-nato se não houver prevenção. Existem no SUS além da vacinação para crianças e adultos, a imunoglobulina para recém-nascidos de mãe infectada.
A hepatite B pode ser aguda, na maioria das vezes, mas, às vezes, cronifica e se não for tratada pode levar a cirrose e câncer hepático. O tratamento atual com medicamento oral é feito para evitar a progressão da doença
- HEPATITE C
Esta hepatite geralmente cronifica de forma assintomática e é adquirida através de contato com material contendo sangue como hemotransfusões e derivados, máquinas de diálise, material de estética, tatuagens, via sexual, utensílios de usuários de drogas entre outros. A evolução para cirrose e câncer hepático pode ocorrer se não houver tratamento adequado. Atualmente, o tratamento é feito com uma combinação de drogas orais por 3 meses, poucos efeitos colaterais e boa tolerância além de ótimos resultados.
- HEPATITE DELTA
O vírus da Hepatite Delta precisa do vírus da hepatite B para replicar e, por isso, segue o mesmo padrão de transmissão. A vacinação da hepatite B também previne contra a hepatite delta que apresenta distribuição regional, mais frequente no norte do Brasil . A infecção é comumente assintomática e pode evoluir para cirrose
- HEPATITE E
No Brasil, esta infecção não é de diagnóstico comum. A transmissão é também fecal-oral em locais com deficiência sanitária. As gestantes e imunosuprimidos são vulneráveis à esta infecção com maior risco de gravidade e de cronicidade, respectivamente.
- TESTAGEM
Quem deve testar? Gestantes durante o pré-natal, populações de risco como profissionais de saúde, estética, profissionais do sexo, usuários de drogas, adultos acima de 40 anos. Pessoas imunossuprimidas e em quimioterapia.
A testagem rápida é feita em todos os postos de saúde do Rio de Janeiro. Veja o mais próximo de sua casa, clicando no link abaixo: